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Foto do escritorMaria do Mar Vieira

Testemunho

Atualizado: 15 de set. de 2019

Uma das pessoas em quem mais orgulho tenho é na minha mãe. É das pessoas que mais me tem apoiado neste difícil percurso. Agradeço-lhe por toda a ajuda, por todas as noites mal dormidas e por todos os momentos em que ela estava presente quando precisei. Há dias muito difíceis mas com ela ao meu lado ficam um pouco mais fáceis.


Ela escreveu este lindo texto que demonstra a realidade da sociedade nos dias de hoje. Espero que vos ponha a pensar e a reflectir sobre o mundo onde estamos hoje.



"No dia 18 de Junho, celebrou-se o Dia do Orgulho Autista. Estamos no séc. XXI, há cada vez mais autistas, ou pelo menos há mais diagnosticados, e estranhamente, continua a haver pouco conhecimento nessa área. Fala-se muito em crianças autistas e muito pouco sobre adultos autistas, como se as crianças não crescessem, ou entretanto, se evaporassem antes de chegarem a adultos. Os psiquiatras, psicólogos, terapeutas, médicos, para além de terem dificuldade em fazerem diagnósticos, têm dificuldade em fazer um correto acompanhamento a adultos autistas. Mais se agrava no caso de raparigas, que enfrentam desigualdades e desafios adicionais no que toca ao Autismo, devido ao desconhecimento generalizado por parte dos profissionais de saúde das características do Autismo no feminino. O Autismo é subdiagnosticado ou é diagnosticado tardiamente podendo ter implicações gravíssimas na vida das raparigas. O desconhecimento das características do Autismo, pode ter consequências muito graves na saúde mental e na vida de várias pessoas. Pessoas adultas, passam anos e anos a serem acompanhadas e medicadas para certas patologias como ansiedade, depressões e mesmo bipolaridade, quando, na realidade, têm Perturbação do Espetro Autista. Diagnósticos incorretos têm consequências gravíssimas. O autismo, mesmo que leve, o chamado Asperger, causa, na minha opinião, mais sofrimento do que o autismo mais profundo. Estas pessoas têm mais consciência das suas diferenças, querem ser aceites, querem conviver e ter amigos, mas o medo de serem inadequados, julgados, ridicularizados, paralisa-os. E é triste, para eles e para nós. Para nós, porque perdemos a oportunidade de conviver e de trabalhar com pessoas incríveis, com capacidades que nós, neurotípicos, muito dificilmente conseguiremos alcançar. É importante que as pessoas autistas, aquelas que têm a capacidade de falar sobre a sua condição se unam e lutem pelos seus direitos. Orgulho na minha Mariquitas, orgulho no seu percurso, na sua coragem para diariamente enfrentar desafios, nas suas capacidades, na sua inteligência, e principalmente na sua bondade e pureza. Tenho tanta sorte em a ter como filha."

Inês Manta

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