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TESTEMUNHOS

Inês Manta

(a minha mãe)

“No dia 18 de Junho, celebrou-se o Dia do Orgulho Autista.
Estamos no séc. XXI, há cada vez mais autistas, ou pelo menos há mais diagnosticados, e estranhamente, continua a haver pouco conhecimento nessa área.
Fala-se muito em crianças autistas e muito pouco sobre adultos autistas, como se as crianças não crescessem, ou entretanto, se evaporassem antes de chegarem a adultos.
Os psiquiatras, psicólogos, terapeutas, médicos, para além de terem dificuldade em fazerem diagnósticos, têm dificuldade em fazer um correto acompanhamento a adultos autistas.
Mais se agrava no caso de raparigas, que enfrentam desigualdades e desafios adicionais no que toca ao Autismo, devido ao desconhecimento generalizado por parte dos profissionais de saúde das características do Autismo no feminino.
O Autismo é subdiagnosticado ou é diagnosticado tardiamente podendo ter implicações gravíssimas na vida das raparigas.
O desconhecimento das características do Autismo, pode ter consequências muito graves na saúde mental e na vida de várias pessoas.
Pessoas adultas, passam anos e anos a serem acompanhadas e medicadas para certas patologias como ansiedade, depressões e mesmo bipolaridade, quando, na realidade, têm Perturbação do Espetro Autista.
Diagnósticos incorretos têm consequências gravíssimas.
O autismo, mesmo que leve, o chamado Asperger, causa, na minha opinião, mais sofrimento do que o autismo mais profundo.
Estas pessoas têm mais consciência das suas diferenças, querem ser aceites, querem conviver e ter amigos, mas o medo de serem inadequados, julgados, ridicularizados, paralisa-os. E é triste, para eles e para nós. Para nós, porque perdemos a oportunidade de conviver e de trabalhar com pessoas incríveis, com capacidades que nós, neurotípicos, muito dificilmente conseguiremos alcançar.
É importante que as pessoas autistas, aquelas que têm a capacidade de falar sobre a sua condição se unam e lutem pelos seus direitos.
Orgulho na minha Mariquitas, orgulho no seu percurso, na sua coragem para diariamente enfrentar desafios, nas suas capacidades, na sua inteligência, e principalmente na sua bondade e pureza. Tenho tanta sorte em a ter como filha.”

                                                                                                                                         Inês Manta

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