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  • Foto do escritorMaria do Mar Vieira

Fotografia e o Desconforto da Roupa Molhada

Quem leu o meu último texto sabe o quanto me incomoda certo tipo de roupas e de tecidos. Uma das coisas que referi é ter roupa molhada no meu corpo.

Hoje vou falar um pouco mais sobre este tema. Como sabem, sou modelo fotográfico, por vezes tenho de fotografar com roupas que me são desconfortáveis e já tive de fotografar com roupas molhadas no meu corpo. Perguntaram-me como lido com este tipo de situações.

Quando tenho roupa molhada no meu corpo sinto-me confusa e sinto uma grande impressão, um grande desconforto. O tecido muito gelado e colado ao meu corpo faz-me ficar paralisada para sentir o menos possível o desconforto. Só quero gritar e tirar aquilo rapidamente do meu corpo.

Quem me conhece sabe o quanto a fotografia é importante para mim, o quanto me dedico a ela e o quanto estou aberta a novas ideias e a novos conceitos. É raro dizer que não a novas propostas. Gosto de fazer trabalhos diferentes, conceptuais, que transmitam algo, que me identifique com eles. O meu trabalho é conhecido por ser bastante diversificado e as pessoas admiram a minha versatilidade e expressividade.

E por muito que saiba que aquela sessão vai ser difícil para mim, que vou ter de ir buscar forças a todo o lado para me aguentar, controlar e tentar agir o mais normal possível, que vou ter pensamentos que me fazem sofrer por antecedência, o amor pela Arte e pela Fotografia e o saber que os resultados serão incríveis é o que me faz fazer estes sacrifícios.

Em sessões de dança sinto a água a cair-me em cima, a roupa a ficar molhada, por momentos desejo não estar ali, desejo que aquilo acabe, mas só tento afastar os pensamentos e aquelas sensações do meu corpo. Depois foco-me no movimento e no sentimento, na sensação que sinto enquanto danço e tudo desaparece à minha volta. Sinto-me livre, posso dançar aquilo que sinto, nem que seja dançar o quão desconfortável me sentia. Dou o meu melhor pois sei que oportunidades como aquela não vou ter novamente. As pessoas à minha volta estão preocupadas com medo que eu esteja com frio, mas não é isso que me preocupa. Tenho medo de parar, de voltar a sentir o desconforto no meu corpo. Mas mais cedo ou mais tarde tenho de parar.

Sinto a roupa molhada no meu corpo, não me consigo mexer, quero tirar aquilo imediatamente e quero gritar. Tento acalmar-me, respirar fundo, embrulhar-me em algo quente ou ir para o sol. Os fotógrafos vêm ter comigo, mostrar-me as fotos e aí soube que valeu todo o esforço. Ver aquelas fotos ainda na camara dão-me motivação para continuar, para voltar para o meio da chuva e do desconforto.

Em sessões sem ser de dança, dentro de água, não é muito diferente. Foco-me no sentimento que quero transmitir e tudo flui naturalmente enquanto estou nesse processo.


Tenho muito orgulho de todos estes trabalhos pois eu sei o desconforto que passei e sei todo o esforço e dedicação que pus naquele trabalho. Sei que poderia simplesmente ter recusado estes trabalhos, mas também sei que perderia grandes oportunidades. Sei que os resultados poderiam ficar muito melhores, mas sei que dei o meu melhor, que ultrapassei mais um grande desafio e nada me deixa mais feliz do que olhar para estas fotos e ver o quão incríveis estão e ver que consegui transformar o desconforto em algo mágico.


Aqui ficam algumas dessas fotografias:



Photo: Sara Portugal

Photo: Sara Portugal

Photo: Sara Portugal

Photo: Eduardo Rebelo

Photo: Eduardo Rebelo

Photo: David Sineiro

Photo: David Sineiro

Photo: Luís Ribeiro

Photo: Luís Ribeiro

Photo: Sara Portugal

Photo: Frederico Rodrigues

Photo: Magda Sofia

Photo: Sara Portugal

Photo: Sara Portugal

Photo: Carolina Gavaia

Photo: Carolina Gavaia

Queria agradecer a todos estes fotógrafos incríveis por todas estas oportunidades que me fizeram crescer e desafiar a mim própria. Fico à espera de novos conceitos, ideias e desafios. Ninguém me irá parar! Nem a roupa mais desconfortável do mundo!

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