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  • Foto do escritorMaria do Mar Vieira

Sai da zona de conforto!


Foto de Inês Serrano

Quantas vezes já ouvimos esta frase?

Estão constantemente a dizer-me para sair da minha zona de conforto.

Sinto-me triste quando ouço isto. Fico a saber que pensam que não me esforço, que não luto por nada, que é tudo fácil, que quando não quero sair de casa é por preguiça e que quando digo que não consigo é porque não quero tentar.

O que não sabem é que toda a minha vida é vivida fora da zona de conforto.

Não sair da zona de conforto significaria nunca sair de casa, nunca fazer nada e nunca falar com ninguém. É verdade que há momentos em que não saio de casa e não consigo falar com ninguém, mas isso é devido ao enorme esforço anterior que tive de fazer para viver um dia considerado normal por vocês. E nesses momentos estamos fora da zona de conforto também porque estamos a recuperar de algo que nos sobrecarregou bastante.

Mal saio de casa sou invadida por sons, pessoas, imprevistos e sobrecargas. Quando passa uma mota tenho de me controlar e aguentar a dor do som dela, quando estou num centro comercial tenho de estar atenta aos pequenos estímulos que vou recebendo constantemente para saber quando é altura de ir embora para não ter um meltdown, quando estou contigo tenho de me esforçar para olhar nos teus olhos e tentar perceber todas as pistas corporais que me dás. É tão difícil interagir com as pessoas... Como é que vocês fazem parecer isso tão fácil? Quando estou com muita gente, a minha energia desaparece por magia, o cansaço aparece logo e fica tudo tão mais complicado. O meu cérebro tem mais dificuldade em processar toda a informação que recebe. Os sons tornam-se mais altos e picam como agulhas na minha cabeça, as luzes tornam-se mais intensas e só quero ir embora.

Nem em casa estou na minha zona de conforto. Tenho de lidar com desregulações emocionais, com os sons que vêm da rua, com as mudanças de rotina.

Todos os dias enfrento mil e um desafios. Todos os dias tenho de respirar fundo e dizer para mim própria: Eu vou conseguir. E se não conseguir, com lágrimas nos olhos vou tentar de novo, a cada dia que se segue.

Há dias que não quero sair de casa, é verdade. Há dias que não tenho forças para nada. O cansaço não me deixa mexer, sei que se sair os meltdowns vão de certeza surgir, e nesses dias preciso de me proteger. Preciso de ficar uns momentos sozinha, recarregar baterias, para no dia seguinte voltar ainda mais forte.


Ainda achas que não saio da minha zona de conforto?

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